a organização serviu melhor churrasco da região aos participantesDisputada que foi neste último domingo dia 25 – com direito a uma variada e suculenta churrascada onde os anfitriões – o empresário Valmir Souza e sua esposa, a farmacêutica Marilene Souza – ambos sócios proprietários da farmácia Valmaris, não pouparam na escolha do cardápio que incluiu todas as carnes nobres disponíveis no mercado que vão de costela, vazio, maminha, alcatre, filé mignon e, é claro, dois tipos de linguiça – a com e a sem queijo. Tudo com acompanhamento de pão, arroz, salada russa e bebida à vontade, seja refrigerante para os enxadristas jovens e cerveja para os adultos, veteranos e seniores que se digladiaram numa frenética e alucinante disputa por uma atraente premiação que consistia em perfumes e espécies em Reais no torneio comemorativo dos 29 anos da farmácia Valmari que reuniu os melhores enxadristas ranqueados, mas que de sobremaneira integram a seleta e privilegiada elite da primeira divisão do esporte-ciência e ginástica da inteligência na Fronteira da Paz em especial do Bobby Fischer Xadrez Clube.SAM_1021

Apesar da presença de renomados nomes que fixaram residência por aqui, vindos da Venezuela, Curitiba, Montevidéu, São Paulo e recentemente de Cuba – a grande surpresa foi a vitória de um MF uruguaio nativo e criado em Rivera Chico. Para quem não sabe – no xadrez de alto rendimento as categorias profissionais são divididas em quatro. Sendo que a primeira é quando o enxadrista se torna profissional e adquire seu rating da FIDE (Federação Internacional de Xadrez). A partir daí sua meta é ir ganhando pontos e conquistando títulos como MF (Mestre FIDE), MI (Mestre Internacional) para finalmente chegar ao tão almejado título de GMI (Grande Mestre Internacional). SAM_1023

Explicações à parte – o torneio em questão teve em disputa 27 pontos no ritmo de 21 minutos caracterizando 42 minutos de partida em nove rodadas sendo que MF logrou atingir 93,59% de aproveitamento quando dos 27 ganhou 25 pontos. Além de um perfume ele ganhou do provedor mor do evento uma soma de dinheiro que começa com o número cinco seguido de alguns e preciosos zeros que, nas mãos de alguém de visão empreendedora poderá sabiamente aplica-los. Não é algo que se possa dizer, “estou rico”, mas para quem não iria nem participar deste verdadeiro encontro de campeões por estar “quase morrendo de tanta dor na região da bexiga e países baixos” – segundo ele mesmo adjetivou ao anunciar sua desistência, esta bonificação veio em boa hora.

Não é que ele acabou vindo graças à insistência da turma e do advogado de direito internacional Leonardo Araújo que o buscou em casa. Quase desistiu de trazê-lo. Sua condição estava assustadora. Conceitua-lo de doente era elogio. Mas para completar o quadro de grandes jogadores sua presença era indispensável. Naquele momento por dois motivos. Uma por que estava inscrito e emparceirado. Outra porque sua presença seria um ponto garantido para todos – uma vez que sua convalescência o impediria de fazer força frente aos demais competidores e colecionar derrotas era seu destino.

Depois de muita espera – o relógio marcava quase 11 da manhã quando Félix Maidana finalmente chegou e teve uma recepção literalmente contrária ao seu estado deplorável. A alegria dos amigos era geral – contrastando com o animo do recém-chegado. Logo foi diagnosticado, tratado e medicado – uma vez que, para sua sorte, naquele domingo Valmir recebera em sua residência a visita de um médico que, se de xadrez não entendia e, por conseguinte não disputaria o torneio, mas apenas estava de passagem pela cidade aproveitando o conhecido turismo de compras e a churrascada. Assim é a vida. Sorte de uns. Azar de outros.

Finalmente – após toda esta novela envolvendo o campeão de Rivera Chico o torneio teve início. Ainda sentindo-se na mesma – Félix deu a primeira alegria para um jovem e promissor jogador de 2012 pontos no ranking. Rafael El Hanini – que nada tinha a ver com o problema de seu oponente – aproveitou a oportunidade e achou que estaria fazendo história na fronteira. E não é que fez. Tão pronto encerrou sua partida quando em poucos minutos aplicou o sonoro xeque-mate soou em sua mente uma dúvida. Que méritos teria vencer uma partida naquelas condições. Seria como brigar com um cego. Se ganhasse estaria ganhando de incapaz. E se perdesse – a assim sim, a vergonha não seria muito diferente, pois teria sido derrotado por um deficiente visual.

Veio finalmente a pausa para o espetacular almoço. Félix – sob os olhares de todos e em especial do médico que o monitorava a curta distancia para se certificar do diagnostico e se a medicação administrada era a correta – aos poucos foi se recuperando. Sua condição esquálida foi mudando e passado cerca de uma hora e meia Félix Maidana era outra pessoa. Animado, falante e acima de tudo grato pelo tratamento e pela frondosa refeição. Lamentou apenas o fato do médico não tê-lo deixado tomar umas ou outras cervejas. Mas em linhas gerais estava pronto para enfrentar as outras oito rodadas.

Como foi mencionado anteriormente – a metáfora sorte de uns e azar de outros, teria apenas um capitulo. Ou seja, a primeira parte, pois a partir daquele instante a questão era outra. Quem aproveitou aproveitou porque a partir daqui a segunda parte desta analogia estava fadada a mudar – e muito. Rafael El Hanini escreveu seu nome na primeira parte desta história e só isso. Os capítulos seguintes logo veremos.

Recuperado que estava em todos os sentidos – Félix Maidana, após ver sua imagem refletida no espelho logo entendeu que poderia reverter toda aquela história e se beneficiar com um detalhe que lhe traria bons fruídos e energias positivas. A rodada estava por começar e faltava apenas aquele personagem que dominara as atenções desde os idos da manhã. Como fazia muito frio daquele domingo dia 25 ele resolveu abrir a agua quente da pia e esquentar suas mãos. Mas foi no embaçado espelho que ele, lembrando o filme Ghost decidiu escrever as iniciais de seu nome e tudo mudou.

Ele que entrara no banheiro como FM (Félix Maidana) saiu como MF (Mestre FIDE, MF  e a anfitriã Marilene Souzamas que na verdade são as iniciais de seu nome refletidas no espelho). E acreditando naquela coincidência incorporou literalmente o tal título que mudou completamente a história daquele torneio. Na verdade até hoje este acontecimento poderia facilmente passar por uma ficção ou estória de pescador não fosse pura verdade e com testemunhas fidedignas. O MF de Rivera Chico empilhou vitórias deixando literalmente atônitos seus vassalos. E não se tratava de jogadores com pouca expressão. Só para exemplificar ele venceu ninguém menos do que o mestre cubano Joel Chacon, os campeões gaúchos Valmir Souza e Tiago Braz e o curitibano Leonardo Araújo só para citar alguns. Enfim – todos os participantes tinham 2000 ou mais rating e Félix apenas proporcionou alegria a dois – para o Rafael que o derrotou na primeira rodada se aproveitando de sua debilidade momentânea e o médico que o curou.

Além dele também receberam seus prêmiosTiago Braz com Valmir Souza Tiago Braz,

Joel Chacon,SAM_1088 Rafael Rafael El Hanini, Gustavo El Hanini, Gustavo Tramutulo, Leonardo Araújo, o próprio Valmir Souza e Nilo Cruxen. Não está distante a data do próximo encontro e aí saberemos se o ditado popular quando afirma “que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar” é verdadeiro ou não passa de mais um mito. Até lá devemos reverenciar o MF de Rivera Chico que com esta conquista ganhou 292 pontos de rating passando da antiga 25ª colocação quando ostentava 1793 pontos para 2085 e assumindo a terceira posição geral no ranking.

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