Pablo Lara...Independente e alheio a tudo e a todos – o líder do ranking do Bobby Fischer Xadrez Clube (https://bfxc.com.br/2021/?p=19488) vence o torneio comemorativo à data magna do país vizinho trazendo no retrovisor o vice-líder que por detalhes não o ultrapassa; se a competição, por exemplo, fosse uma corrida de pista, automóvel ou de atletismo – ambos sairiam praticamente juntos na mesma foto tendo que ser definida pelo “photo finish”. Porém Pablo tinha um trunfo escondido na manga que o ajudou a atingir seu objetivo máximo. Nada menos do que quatro amigos mais ou menos ocultos o ajudaram, e como, nesta conquistas – o BU, o CHOL, o MED e o DIANOS. Se não fosse a interferência deles e o looby junto com um eficaz tráfico de influência perante à organização e arbitragem Pablo não teria  classificado  à frente do Ignácio Marrero e muito distante dos demais competidores.

Com esta vitória Lara consegue uma façanha inédita – sagrar-se bicampeão e sedimentar sua posição de liderança no ranking do xadrez na fronteira com 2187 pontos 30 afrente do segundo colocado Ignácio Marrero de Bagé quer está com 2157.

O torneio que premiou com medalhas até o quarto lugar e um jogo oficial de xadrez ao campeão aconteceu na sala vip cônsul argentino Alfredo Sanchez do Bobby Fischer Xadrez Clube na tarde deste último domingo dia 26 – foi disputado pelo sistema suíço de emparceiramento em cinco rodadas no ritmo de 30 minutos por jogador, somou pontos para o ranking e teve a participação dos principais enxadristas locais, de Rivera, Montevidéu, Bagé, São Luiz Gonzaga e Rivera Chico.

Contudo havia um grande desafio a ser enfrentado pelos líderes Lara e Marrero. Deveriam confirmar seus favoritismos e combater uma antiga e terrível estatística que até domingo não poupara ninguém; sequer um mestre santa-mariense que veio disputar uma etapa do campeonato gaúcho de xadrez jaz algumas décadas. Zela a história que se não tivesse dezenas ou milhares de testemunhas que até hoje comentam o fato – isso não passaria de mais uma das tantas lendas e estórias do folclore popular.

 

A maldição do jornal

cópia da página da publicação

Conhecida como “A maldição do jornal” – uma vez que, no ido e auge da saudosa Folha Popular e também do Jornal A Plateia, toda vez que este ou aquele personagem saia em manchete como destaque, favorito ou simplesmente com seu nome ou foto publicada, este jogador era atingido cruelmente por esta maldição. Todos, sem exceção sofreram desta sina e o eventual enxadrista perdia ou tinha sua performance prejudicada. Este ano, mesmo, isso aconteceu duas vezes. Uma maldição infalível.

Para a disputa da Copa 187 anos da independência uruguaia o Jornal A Plateia e outros dois semanários publicaram em manchete uma grande e épica disputa que envolveria os dois principais enxadristas da região. A sorte de ambos estava lançada. Não havia um jogador ou seu familiar, sequer, que não tivesse um recorte desta página; orgulho puro. Só que mal sabiam eles o perigo iminente que os cercava. Na porta de entrada do BFXC a organização fixou a página 23 do dia 22 de agosto do Jornal A Plateia que noticiou o fato e todo enxadrista e público curioso em geral tinha sua atenção despertada pelo grande espaço ao xadrez destinado pelo jornal em questão.

Teve início o torneio. Antes, porém, houve troca de gentilezas entre os visitantes, que trouxeram lembranças de suas cidades a título presentes ao país aniversariante e entregues à autoridade máxima uruguaia presente – ninguém menos do que o heptacampeão departamental Diego Pelaez que agradeceu o carinho – mas dedicou todos os méritos ao BFXC na pessoa do seu presidente o jornalista Pedro Nicola. Cumprimentos daqui, aplausos dali tudo se transformou numa grande reunião de amigos, mais do que isso – de irmãos com um objetivo incomum.

Só que ao longe alguém espreitava. Atenta e silenciosa a página do Jornal A Plateia assistia e planejava como e quando agiria. A esta altura dos acontecimentos ninguém mais se lembrava da tal maldição. Primeira rodada e tudo normal. Fortes contra fracos como determina o sistema suíço. Bem. Fortes podem ser, mas fracos – neste torneio não se podem adjetivar os que estão nas posições abaixo do primeiro e segundo não seria no mínimo imprudência – isso para não chamar de desrespeito. Em atividades deste nível quando somente podem participar integrantes da seleta e privilegiada elite da primeira divisão não há vida fácil para ninguém. É o típico – se sai da frigideira quente cai no fogo. De qualquer forma o camarada estará frito ou assado. Assim funciona o esporte/ciência e ginástica da inteligência.

No entanto na segunda rodada – as poucas nuvens que cobriam o sol deixou que a luz passasse e o reflexo da porta de vidro iluminou justamente a parte da sala de jogos onde estavam Marrero e Pablo. Foi o suficiente para ascender e acender a maldição. Acredite. Pablo na mesa um encontrou a derrota inesperada diante do intrépido Menino Prodígio. Na dois Marrero teve o mesmo destino. Só que para Emilio Mansur. Até aí nada de grande anormalidade se formos lembrar que estavam no BFXC os melhores dos melhores. O que surpreendeu a todos foi a forma bisonha em que ambos os favoritos foram derrotados. Ambos jogaram como amadores. Cometeram erros infantis. Deixaram importantes peças fora de ação, perderam-nas.

Numa disputa tão apertada com apenas cinco rodadas – é verdade universal que perder um ponto significaria inevitavelmente a perda do título. Logo todos se lembraram da famosa maldição. Seria muita coincidência. Pablo e Ignácio na manchete e no mesmo instaste Lara e Marrero perder e deixar o caminho aberto para que uns dos mortais presentes aspirassem ao título. A maldição do jornal cumprira seu propósito. Marrero, na foto abaixo – se deslumbra com a matéria sem ao menos imaginar a maldição que a mesma carrega.

Marrero lendo o jornal A PLATEIA

Finalmente o fim da Maldição

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O torneio prosseguiu sob o forte signo e marca da maldição do jornal. Logo alguém teve a ideia de presentear Marrero, que era de fora (de Bagé) com a tal página. A tirou da porta e entregou-a. Sem sombra de duvidas esta pode ter sido uma grande atitude. Pode, não – foi. Pois a partir daí os dois protagonistas encontraram suas respectivas linhas de jogo – corrigiram as eventuais falhas e deram vida nova ao torneio.

O relógio marcava 17h00min quando teve início a última rodada. Até o momento o campeão virtual estava sendo Tiago Braz. Ele com quatro pontos em cinco era o único invicto no certame. Abaixo estavam Marrero e Lara. Só um milagre, ou melhor, uma tragédia tiraria o título do Menino Prodígio. Apenas um empate bastaria.

Só que este não veio. Na mesa dois Pablo venceu o fenômeno e heptacampeão Diego Pelaez. Foi uma vitória fácil e rápida. Diego não teve a mínima chance. A derrota foi fulminante. No entanto sua sorte estava sendo jogada na mesa principal. Se Marrero vencesse a Tiago talvez ele tivesse alguma chance nos critérios de desempates, pois os três ficariam com quatro pontos, quatro derrotas e quatro vitórias.

Faltava pouco mais de um minuto para as 18h00min quando aconteceu o lance nefrálgico. Tiago – de Robin dos Pampas estava prestes a vestir o traje do Homem de Gelo. O título estalava em suas mãos. Mas errou. Deixou um cavalo no ar. Marrero virara a partida. De eventual derrotado de repente se viu numa posição de xeque-mate inevitável em poucos lances. Tiago não teve alternativa se não fosse declinar seu rei- estender a mão e reconhecer a meritória derrota.

Com estas vitorias duplas – e com a ajuda dos irmãos Buchols Pablo Lara sagrou-se campeão e Ignácio Marrero vice. Mas não foi isso. Ambos mantiveram suas posições no ranking e sepultaram de vez a maldição do jornal.

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FOTOS TORNEIO 187 INDEPENDÊNCIA URUGUAIA 1

https://bfxc.com.br/2021/?p=20292

FOTOS TORNEIO 187 INDEPENDÊNCIA URUGUAIA 2

https://bfxc.com.br/2021/?p=20366

FOTOS TORNEIO 187 INDEPENDÊNCIA URUGUAIA 3

https://bfxc.com.br/2021/?p=20408

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Classificação Final

Clas. Nome Rating Pontos Berg. Buch. Vitór. M-Buch. Progr.

1 Pablo Lara, 2162 4 11.00 15.0 4 9.0 11.0

2 Ignácio Marrero, 2137 4 11.00 14.0 4 8.0 11.0

3 Tiago Braz, 2002 4 9.00 13.0 4 9.0 14.0

4 Emilio Mansur, 1923 3 9.00 16.0 3 10.0 10.0

5 Diego Pelaez, 2129 3 7.50 15.5 3 10.0 12.0

6 Valmir Souza, 1888 3 6.00 13.0 3 7.5 8.0

7 Oscar Rodrigues, 1595 3 4.50 11.5 3 6.5 7.0

8 Sebastian Maldonado, 1500 2.5 1.75 7.5 2 4.5 6.0

9 Gustavo El Hanini, 1778 2 3.00 14.0 2 9.0 9.0

10 Félix Maidana, 1773 2 2.50 11.5 2 7.5 5.0

11 Rafael Vieira, 1770 2 1.00 9.5 2 5.5 3.0

12 Rafael El Hanini, 1750 1.5 3.25 13.5 1 8.5 5.0

13 Andre Veiga, 1500 1 0.00 9.5 1 6.5 4.0

14 Evaldo Saymom, 1694 0 0.00 11.5 0 6.5 0.0